A História da Hipnose.

Hipnose.

É o nome dado a estados psíquicos provocados pelo uso subjetivo dos sentidos, são mais de 15 fenômenos, sendo alguns poucos úteis em psicoterapia: Hipermnésia, Pseudo no Futuro, Anestesia e Analgesia. A hipnose e a utilização de estados hipnóticos esteve presente em toda história da humanidade. Ao longo de seu desenvolvimento pode-se perceber três momentos distintos de seu uso e aplicações:

A) Hipnose utilizada pelos povos e civilizações antigas:

Nas culturas antigas a hipnose foi a forma mais antiga de cura utilizada pelos sacerdotes. Não era usada nos termos formais de hipnose, mas utilizava-se processos e procedimentos hipnóticos para a cura de dores e doenças. No Egito antigo no século 1500 a.C., os sacerdotes induziam um certo tipo de estado hipnótico com finalidade de cura, conforme escrito nos papiros de Ebers. Estes papiros continham uma coletânea de antigos escritos médicos descrevendo como aliviar a dor e as doenças. (Bauer, 1998). Na Grécia antiga nos templos Asclépia, se fazia o diagnóstico e cura dos doentes por intermédio do sono divino ou terapia onírica. Neste estado anterior ao sono, chamado na época estado hipnagógico, as imagens irrompiam automaticamente à consciência do doente e o sacerdote trabalhava simbolicamente sobre estas imagens, fornecendo sugestões hipnóticas de cura. No século XI, Avicena – médico iraniano, filósofo e sábio, acreditava que a imaginação era capaz de enfermar e curar as pessoas. No século XVI Paracelsus, pai da medicina hermética, acreditava na influência magnética das estrelas na cura de pessoas doentes, vindo a confeccionar talismãs com inscrições planetárias e zodiacais. A hipnose utilizada na antigüidade era impregnada de magia, misticismo e religiosidade com objetivos de cura através da imaginação, profecias, captação de idéias e mensagens dos deuses. Utilizava-se induções hipnóticas individuais ou em grupos, através de danças, cantos, orações, rituais e palavras. (Carvalho, 1999).

B) Hipnose no período de experimentação científica – Séc. XVIII e XIX:

A história da hipnose no grande período de experimentação científica do século XVIII e XIX foi retirado integralmente de Carvalho(1999) e Rossi & Cheek (1988). Tem início com Franz Anton Mesmer (1734-1815), médico austríaco do século XVIII, que iniciou seus estudos interessado no magnetismo animal que seria responsável pela cura de dores e doenças. Após sua mudança para Paris, seu trabalho foi foco de muita atenção pelo meio científico, onde Mesmer acreditava na influência dos corpos celestes na cura das doenças e na presença de um fluido universal ligando astros e corpos. Esse fluido magnético era captado e emitido por ferro imantado e a pessoa imantada transferia energia para os demais. Mais tarde, ele percebeu que o próprio homem captava energia e passou a falar em magnetismo humano, realizando várias cirurgias e anestesias sobre o sono mesmérico, desenvolvendo-se a partir daí a expressão Mesmerismo. O trabalho de Mesmer teve grande repercussão no meio científico e acadêmico, embora tenha tido sucessos e fracassos em suas curas. Os acadêmicos de Medicina, como maior ciência oficial da época, pressionaram o então rei Luíz XVI, a convocar a “Comissão da Sociedade Real de Medicina e da Academia de Ciências – 1784”, composta pelos mais renomados cientistas da época, para estudar o fenômeno hipnótico. A Comissão Julgadora trabalhou realizando experimentos com diferentes materiais, concluindo a inexistência do magnetismo humano e afirmando que os resultados obtidos eram somente conseqüência da imaginação. Mesmer caiu em descrétido no meio científico, mas suas teorias e métodos continuaram a ser empregados por seus seguidores, como o Marquês de Puységur e Abade Faria. Foi somente no século XIX que o médico inglês James Braid (1795-1859), assistindo a uma cirurgia efetuada por Mesmer com anestesia geral provocada pelo uso da hipnose, passou a estudar o processo vindo a reformular a teoria de Mesmer. Braid definiu o estado hipnótico como um estado particular de “sono do sistema nervoso”, vindo a cunhar o termo hipnose, do grego Hypnos que simbolizava o Deus do sono na Mitologia Grega. Dessa forma, o termo hipnose ficou erroneamente associada a idéia de sono. Logo depois de haver cunhado este termo, James Braid se arrependeu pois percebeu que cientificamente a hipnose não poderia ser comparada ao sono, sendo um estado justamente oposto ao sono, de intensa atividade psíquica e mental. Braid utilizava basicamente a hipnose como forma de se obter a anestesia cirúrgica e para ensinar auto-hipnose aos pacientes, lembrando que o éter foi introduzido somente 1846 e o clorofôrmio em 1847.

Durante muitos anos a hipnose foi esquecida e mal interpretada por não se compreender na época a natureza e dinâmica dos seus fenômenos. Ela foi resgatada na França por duas importantes escolas de pensamento que possuíam visões muito distintas sob o fenômeno da hipnose: a escola de Salpêtrière, liderada por Jean-Martin Charcot (1835-1893) e a escola de Nancy, comandada por Auguste A. Liebeault (1823-1904) e Hipolyte Bernheim (1840-19191). A escola de Salpêtrière tinha como líder Charcot, o neurologista mais importante e conceituado da época, o qual estava estudando os estados hipnóticos para tratamento de pacientes histéricos. Em um trabalho apresentado em 1882, na Academia Francesa de Ciências, Charcot considerou a hipnose como um estado patológico de dissociação, comparando o transe ao processo histérico e a anormalidades no sistema nervoso. A relação entre hipnose e doença obteve grande aceitação no meio científico, vindo a influenciar segundo este ponto de vista teóricos como Freud. Diferentemente da escola de Salpêtriere, a Escola de Nancy de Liébeault e Bernheim do século XIX, também estudava a hipnose e seus fenômenos por mais de 100 anos conforme descritos por Braid, pensando a hipnose como um estado de consciência normal e natural do ser humano, tendo um ponto de vista muito distinto de Charcot. Liebeault e Bernheim retomaram a idéia original de Braid de que a indução hipnótica decorria da sugestão, realizando inúmeros estudos e experimentações científicas.

Estas duas escolas com pontos de vista distintos discutiam no meio científico e acadêmico o uso da hipnose, fazendo com que novamente a hipnose fosse alvo de interesse no meio científico. Em 1889, Charcot organizou o I Congresso Internacional de Hipnotismo Experimental e Terapêutico em que contou com a presença do psicólogo americano William James, o criminalista italiano Lombroso e o jovem psiquiatra Sigmund Freud. Livros passaram a ser escritos e revistas científicas começaram a publicar artigos sobre hipnose. William James incluiu um capítulo sobre hipnose em seu livro Princípios de Psicologia, e Wilhelm Wundt, considerado o pai da Psicologia como Ciência, escreveu um livro sobre hipnose.

O Reconhecimento Científico.

A evolução e aceitação da hipnose pela comunidade científica A hipnose, com sua história longa e cheia de altos e baixos na medicina e no entretenimento, está ganhando um novo respeito dos neurocientistas. Estudos recentes do cérebro de pessoas indicam que quando elas agem de acordo com as sugestões, seus cérebros apresentam profundas mudanças na maneira que processam as informações. As sugestões, dizem os pesquisadores, literalmente mudam o que as pessoas veem, ouvem, sentem e acreditam ser verdadeiro. Os novos experimentos, que empregam imagens do cérebro obtidas através de modernos equipamentos, descobriram que as pessoas hipnotizadas “viam” cores onde não haviam cores. Outras perderam a habilidade de tomar decisões simples. Algumas olharam para palavras comuns e pensaram que eram palavras sem sentido. “A idéia de que as percepções podem manipular as expectativas é fundamental para o estudo da cognição”, diz Michael I.

Posner, um emérito professor de neurociência da Universidade do Oregon e perito no assunto da atenção. “Mas agora nós estamos realmente chegando nos mecanismos.” Mesmo com pouca compreensão de como funciona, a hipnose tem sido usada na medicina desde os anos cinquenta no tratamento da dor e, mais recentemente, como tratamento para a ansiedade, depressão, trauma, síndrome do intestino irritável e desordens alimentares. Existe ainda, entretanto, desacordo a respeito do que exatamente o estado hipnótico é, aparentemente é uma forma natural de concentração extrema onde as pessoas se tornam inconscientes do seu arredor enquanto permanecem afundadas em seus pensamentos. No século dezenove, médicos indianos usaram a hipnose como anestesia com sucesso, até mesmo para amputações de membros. A prática diminuiu somente quando o éter foi descoberto. Agora, o Dr. Posner e outros afirmam que as novas pesquisas sobre a hipnose e a sugestão estão fornecendo uma nova perspectiva de como funcionam as engrenagens do cérebro normal. Uma área que estas pesquisas podem ter iluminado é o processamento de informações sensoriais. Informações advindas dos olhos, ouvidos e do corpo são transportadas até regiões sensoriais primárias no cérebro. Destas regiões, as informações são então transportadas para regiões chamadas de ‘superiores’ (de baixo para cima) onde ocorre a interpretação. Conjuntos de células nervosas dedicadas a cada sentido transmitem informações sensoriais. A surpresa é a quantidade de tráfego que ocorre na outra direção, isto é, de cima para baixo, que é chamada de ‘retroalimentação’ (feedback). Existem dez vezes mais fibras nervosas transportando informações para baixo do que para cima. Estes amplos circuitos de feedback significam que a consciência, o que as pessoas veem, ouvem e acreditam, está baseada no que os neurocientistas chamam de “processamento de cima para baixo”. O que você olha nem sempre é o que você vê, por que o que você vê depende de uma estrutura fundamentada pela experiência, que está pronta para interpretar as informações cruas como uma flor, um martelo ou um rosto. Alguns outros estudos recentes usando imagens do cérebro apontam para mecanismos ‘de cima para baixo’ similares sob a influência da sugestão. Pessoas hipnotizadas foram capazes de “drenar” as cores de um colorido desenho abstrato ou “acrescentar” cores ao mesmo desenho reproduzido em tons de cinza. Em cada caso, as partes de seus cérebros envolvidas na percepção das cores foram ativadas de maneira diferente. Imagens do cérebro revelam que os mecanismos de controle que decidem o que se fazer quando estamos diante de um conflito, permanecem desativados quando as pessoas estão hipnotizadas. Processos ‘de cima para baixo’ neutralizam as informações sensoriais (ou ‘de baixo para cima’), disse o Dr. Stephen M. Kosslyn, um neurocientista da Universidade de Harvard. As pessoas acham que o que se vê, os sons e o toque do mundo externo constitui a realidade. Mas o cérebro constrói o que percebe baseado em experiências anteriores, afirma o Dr. Kosslyn. Na maior parte do tempo as informações ‘de baixo para cima’ são compatíveis com a expectativa ‘de cima para baixo’, disse o Dr. Spiegel. Mas a hipnose é interessante por que cria uma divergência. “Imaginamos algo diferente, então é diferente,” disse. Fonte: Nytimes.com

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